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Novembro 3, 2010 / ramalhodiogo

Unidades de informação [draft]

PLUNGE/BORROW/REUSE/REPURPOSE

a espacialidade hipertextual e processos de [re]construção dos novos media

PLUNGE|BORROW_INDIVIDUAL_HIPERTEXTO_LINK_REMEDIAÇÃO_ACESSIBILIDADE_

IMEDIAÇÃO_HIPERMEDIAÇÃO_WWW_HIPERLINK_CYBERTEXT_TEMPO_MEMÓRIA_

PARTILHA_IMERSÃO_HTML_HTTP_PERCEPÇÃO_INTERACÇÃO_DINÂMICO_MULTIPLICIDADE_

MULTIMEDIA_TRADIÇÃO_HIPERMEDIA_ANALÓGICO/DIGITAL_HYPERDOCUMENT_

GLOBALMAPS_REDES_COLABORAÇÃO_MUDANÇA_COLECTIVO_REUSE|REPURPOSE

INTENÇÃO_ A lógica hipertextual, em analogia, funciona como um projecto de arquitectura. No edifício arquitectónico projectado é criada uma sucessão de espaços, um conjunto de compartimentos ligados entre si e que se destinam ao uso individual e/ou colectivo. Estes espaços, conectados entre si, dão origem ao edifício, que por sua vez, na multiplicação e desfragmentação desenham a cidade. Estes espaços pressupõem a INTERACÇÃO e PARTICIPAÇÃO.

O hipertexto tem como objectivo esta mesma construção da cidade, o acesso e participação do indivíduo, de uma forma dinâmica, na construção de novas formas e conteúdos da informação. [hipertexto como uma rede – cidade – na qual conteúdos textuais e não textuais compõem, tal como a malha urbana, os seus espaços principais e os espaços “inbetween”].

No contexto contemporâneo, os novos media, para além de serem o resultado de um processo natural de evolução nas formas de comunicação e exposição do pensamento, ainda se apresentam apenas como fortes potencialidades transformadoras, como instrumentos de revolução dos media e sociedade. Como forma de se afirmarem como meios de poder no mundo de hoje, os novos media, num processo constante de interacção, pilham, emprestam, retiram conteúdos e estruturas de funcionamento dos old media, dando-lhe um novo sentido, um novo uso, reconfigurando todo um conjunto de relações pré-estabelecidas; deste processo interactivo de remediação surgem novas formas e modos de comunicar e ver.

A World Wide Web re-usou formas mais antigas, os ebooks criaram um upgrade do livro, a televisão usa formas mais interactivas retiradas da internet, e esta reconfigura a televisão constantemente. Cada medium retira daqueles que lhe estão mais próximos ou dos quais faz mais sentido, elementos, conteúdos, formas para se reestruturar a si próprio e se assumir como um novo medium, um potencial candidato à transformação na sociedade.

Tal como os novos materiais são transpostos para a arquitectura, os novos media são como peças e materiais para a construção de um processo de participação interactiva e colectiva na sociedade.

“(…)opening a space through the disposition and interplay of forms that have been detached from their original context and then recombined.”

BOLTER, Jay David; GRUSIN, Richard, Remediation: Understanding New Media, MIT Press, 2000

Tal como na arquitectura, os old media, as formas mais consolidadas de construção da comunicação, exigem no contexto contemporâneo um repensamento e reestruturação, uma proposta de novas modos de interacção, de novas armas para o designer high tech.

No entanto, tal como o edifício surge e terá sempre como base um sistema construtivo de materiais, no contexto dos novos media, os media precedentes estarão sempre presentes, de uma forma ou de outra (tradição).

ESTRUTURAÇÃO_ O tema do meu projecto tem como ponto de partida as apropriações – plunge, borrow, reuse, repurpose – que o Design de Comunicação pode efectuar como forma de contribuir para uma participação colectiva nos meios de comunicação, manifestadas no contexto dos novos media.

Mais especificamente, o projecto incidiria na espacialidade hipertextual e nos processos de [re]construção dos novos media, o que remete desde logo para o conceito da REMEDIAÇÃO.

Nesta primeira fase plunge/borrow funcionará como diferentes modos de pesquisa e organização das unidades de informação, que irão seguir os assuntos acima referidos, analisando-os em particular e traçando os percursos que os ligam entre si. Em cada uma das fichas pretendo apresentar um exemplo concreto de carácter textual ou gráfico que demonstre o conceito/temática que lhe está associado. Este exemplo será complementado com uma citação que o referencie, dando-lhe um enquadramento teórico mais específico. Para criar o link necessário entre as diferentes temáticas exploradas, pretendo desenhar uma espécie de rede, extremamente simples nesta primeira aproximação, para começar a cruzar com mais profundidade estas abordagens entre si.

Pretendo que cada referência/sinal funcione por si (pessoal), mas que, ao estabelecer relações, adquira um novo sentido ou interpretação (…a caminho do colectivo).

Este percurso de partida terá como objectivo numa segunda fase que o plunge/borrow deste primeiro momento dê origem, em termos de estrutura do projecto, a um reuse/repurpose da informação recolhida e apropriada, permitindo a produção de um sistema mais complexo da informação recolhida, no contexto geral do exercício.

REFERÊNCIAS_

LIVROS/TEXTOS_

BOLTER, Jay David; GRUSIN, Richard, Remediation: Understanding New Media, MIT Press, 2000

FURTADO, Gonçalo, O corpo no espaço da técnica contemporânea, em nu, Coimbra, 2003

FURTADO, José Afonso, O papel e o pixel, em <http://www.ciberscopio.net/artigos/tema3/cdif_05_1.html>

MANOVICH, Lev, “New media from Borges to HTML”, em WARDRIP-FRUIN, Noah (Editor); MONFORT, Nick, (Editor), The New Media Reader, MIT, 2003

MOULTHROP, Stuart, “You Say You Want a Revolution? Hypertext and the Laws of Media” (1991), em WARDRIP-FRUIN, Noah (Editor); MONFORT, Nick, (Editor), The New Media Reader, MIT, 2003

NELSON, Ted, “Computer Lib/dream Machines” (1974), em WARDRIP-FRUIN, Noah (Editor); MONFORT, Nick, (Editor), The New Media Reader, MIT, 2003

WALSH, Mike, Futuretainment: Yesterday the World Changed, Now It’s Your Turn, Phaidon Press, 2009

MULTIMEDIA_

<http://www.neave.com/television/> NEAVE TELEVISION

telly without context” – é um projecto que reapropria a televisão como meio de comunicação e, cria uma espécie de laboratório de estudo visual baseado num certo acaso. Ao espectador/utilizador é dada a hipótese de se mudar de canal com um click do rato, num sucessivo zapping.

<http://www.uva.co.uk/archives/58> PIXELACHE, United Visual Artists [2007]

Pixelache é um projecto interactivo, uma instalação de som e imagem criada pelos UVA para o Festival de Helsínquia em 2007. Através de um botão na base é criada uma interacção entre o utilizador e a obra, no qual o botão permite criar sons diferentes que irão produzir imagens diversificadas a cada utilização. A instalação parte do conceito do utilizador gerar uma partícula de som, que, por sua vez, gera um pixel, compondo-se assim uma multiplicidade de imagens.

<http://www.uva.co.uk/archives/32> INTERACTIVE INSTALLATION PROTOTYPE, United Visual Artists [2006]

Esta instalação, também dos UVA, combina as tecnologias LED/3D para criar um momento interactivo no qual o movimento e gestos do corpo têm uma repercussão nos sons e imagens do ambiente, dando origem a uma infinidade de articulações som/imagem.

<http://www.eastgate.com/TwelveBlue/Twelve_Blue.html> TWELVE BLUE, Michael Joyce [1996]

Este exemplo de cybertext, Twelve Blue de Michael Joyce, cria um universo narrativo literário assente na lógica hipertextual, é feita a transição entre a literatura e um jogo. Esta experiência é-nos apresentada como um conjunto de hiperlinks, uma imagem e uma numeração linear que nos induz, numa primeira instância, a uma leitura linear. No entanto, desde logo descobrimos que esta linearidade é impossível, uma vez que o próprio texto, tal como toda a dinâmica hipertextual, é não-linear na sua concepção e execução. Twelve Blue é uma obra de literatura, uma tentativa de transporte do texto para o universo dos new media, ao mesmo tempo que é hipertexto, quer na sua essência, quer na sua materialização. Funciona como uma metáfora para o mundo de hoje, que nos remete para uma desfragmentação de ligações que nos levam sucessivamente a outras ligações, da forma como nos relacionamos e comunicamos.

<http://www.youtube.com/watch?v=DRu62yAk3PQ> The battle of hyper/text

Este video publicado no YouTube funciona com uma provocação, um desafio ao papel do hipertexto na revolução latente dos novos media.

<http://cargocollective.com/defasten#531651/Noise> NOISE, Defasten [2005]

NOISE é um processo experimental de animação video que tem como ponto principal o papel do ruído nos media actuais, reflectindo e expondo de forma desfragmentada temas como o espaço de informação, paisagem urbana e intersecções e interacções entre os novos media digitais.

“Inland Empire”, de David Lynch. Com Laura Dern, Jeremy Irons, Justin Theroux. 2006, 179′

<http://www.youtube.com/watch?v=_DlYCvxvPZY>

O filme começa com a imagem de um gramofone do qual se ouve uma voz a exprimir “AXXON N the longest-running radio play in history”. Depois desta imagem inicial, o filme transporta-nos através de uma espécie de labirinto, uma sucessão de espaços contínuos, cada um com a sua narrativa e, todos estes espaços estão relacionados entre si de modo não linear. Personagens cruzam-se, portas que abrem e dão acesso a espaços e narrativas diferentes, imagens ambíguas; a estrutura do filme é hipertextual e remete-nos para o carácter desfragmentado, múltiplo e vertiginoso dos novos media e da sociedade contemporânea.

2 comentários

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  1. mestradoprojecto1fbaul / Nov 3 2010 7:40 am

    A arquitectura pode ser-lhe útil no tema proposto — plunge/borrow/reuse/repurpose, a espacialidade hipertextual… — pelo lado da metáfora, mas também pode criar excesso de referências se olhar pelo lado da hipérbole.
    Quando, na aula, falámos do livro e da casa (no sentido de home) a propósito do hipertexto estava mais próximo daquilo que se pode designar por ‘arquitectura do livro’, isto é, de um habitar o livro em termos genealógicos e culturais.
    Apesar do seu draft estar bem estruturado, procure, desde logo, dirigir a sua pesquisa (e as unidades de informação) para as questões do pilhar/emprestar/re-utilizar/re-propor num medium específico (livro, direi eu), ou seja, no sentido circular da proposta —pessoal/colectivo/pessoal.
    (…)

    Nota: Pedia-lhe que deixasse o draft no blog para que todos partilhem o seu trabalho.

    Siga os projectos a seguir referenciados na possibilidade de encontrar territórios comuns.
    Forms of Inquiry
    http://formsofinquiry.com
    /
    clip/stamp/fold
    http://www.bureau-europa.nl/exhibitions/future/431-clip-stamp-fold

    • Diogo Ramalho / Nov 4 2010 10:43 am

      Professor

      A arquitectura iria funcionar apenas como uma referência entendida como metáfora, para evitar a apresentação de referências excessivas. Pretendo que funcione como uma ferramenta secundária de articulação do discurso no tema PLUNGE/BORROW/REUSE/REPURPOSE.
      Acho que será necessário, desde já, e tal como o professor referiu, dirigir a minha proposta a um medium específico (pessoal-colectivo-pessoal.

      Obrigado pela indicação das duas referências, que foram bastante úteis para cruzar com as referências já encontradas e como forma de dirigir a pesquisa.

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